COVID-19: conheça os testes disponíveis no mercado
e suas aplicações
Vários
métodos e técnicas, com diferentes níveis de precisão, podem ser utilizados na
identificação da doença
Com quase dois milhões de casos
confirmados e quase 80 mil mortes, o Brasil sofre diariamente com os efeitos
causados pela pandemia do Coronavírus. Devido ao alto poder de contágio do
vírus e à gravidade do quadro clínico em parcela significativa dos pacientes
infectados, a doença tem causado enorme pressão sobre os sistemas de saúde e
profissionais que atuam na área. Com diversos testes disponíveis no mercado para
a identificação da COVID-19, é necessário compreender suas diferenças para a
escolha do método mais adequado.
Por ser uma doença nova, com
muitos detalhes da fisiopatologia ainda sendo caracterizados, são constantes as
dúvidas e atualizações nos protocolos de diagnóstico, assim como na conduta e
tratamento da enfermidade. “Um roteiro diagnóstico simplificado, de fácil
compreensão, mas também acompanhando as atualidades no conhecimento técnico e
científico sobre a COVID-19 pode ser de grande auxílio para os profissionais de
saúde. Dessa forma, a compreensão e aplicação correta dos testes é assegurada”,
explica o Dr. Carlos Aita, médico patologista clínico, responsável técnico do
Grupo Diagnósticos do Brasil.
Apesar do quadro clínico de
COVID-19 em geral apresentar algumas características típicas, elas não são exclusivas,
podendo ocorrer apresentações similares em diversas outras condições
inflamatórias e infecciosas. Por este motivo a conclusão do quadro é realizada
através do diagnóstico laboratorial. “Dependendo da apresentação clínica,
especialmente em pacientes que necessitam internação hospitalar, alterações laboratoriais
são comuns, porém inespecíficas. As mais frequentes são: as elevações de
Aminotransferases (ALT e AST), Desidrogenase Lática (LDH) e dos marcadores
inflamatórios Ferritina, Proteína C Reativa (PCR) e Velocidade de
Hemossedimentação (VHS). Mas o quadro laboratorial geral conta com diversas
outras características”, conta o especialista.
Os exames laboratoriais
específicos apresentam três tipos principais de aplicações que estão
relacionadas ao estágio da infecção em que o paciente se encontra: detecção
precoce da exposição ao vírus, antes do aparecimento dos sintomas; o
diagnóstico do quadro agudo e monitoramento da evolução clínica; e o
rastreamento da exposição prévia ao SARS-CoV-2. Os principais métodos e
técnicas disponíveis atualmente para realização dos exames específicos são classificados
entre os grupos diretos, aqueles que fazem a detecção do vírus, como o RT-PCR e
os testes rápidos imunocromatográficos para detecção de antígeno viral, e os
indiretos, que detectam a resposta imune ao vírus, como as pesquisas de
anticorpos.
“A detecção precoce de novos
casos tem como principal objetivo identificar pacientes infectados, antes do
aparecimento dos sintomas, permitindo assim instituir isolamento e evitar a
transmissão para outras pessoas. O exame mais adequado para a detecção da
infecção nesse momento é o RT-PCR utilizando amostras de secreção de orofaringe
e nasofaringe. Outra alternativa é a pesquisa de antígeno viral, que pode ser
realizada através de testes rápidos imunocromatográficos disponíveis, que tem
como vantagem oferecer um resultado imediato, porém conta com uma sensibilidade
inferior”, explica o especialista.
Para o diagnóstico do quadro
agudo com suspeita de COVID-19, a confirmação laboratorial indicada nos
protocolos oficiais do Ministério da Saúde é o RT-PCR. A coleta de amostra deve
ser realizada até o sétimo dia após o início dos sintomas e preferencialmente
até o terceiro, para evitar a ocorrência de resultado negativo, devido a
eliminação precoce do vírus. “É importante ressaltar que o RT-PCR também pode
estar sujeito a resultados falso negativos em amostras de má qualidade por
coleta inadequada contendo pouco material, coleta realizada em fase muito
precoce ou muito tardia da infecção, ou ainda por acondicionamento inadequado”,
continua Aita.
Já o rastreio da exposição
prévia ao SARS-CoV-2 em indivíduos que não apresentaram nenhuma sintomatologia
típica, ou naqueles que apresentaram sintomas, mas não realizaram a confirmação
diagnóstica laboratorial no momento do quadro agudo, tem aplicação para a avaliação
epidemiológica populacional da exposição e para avaliação do status imune
individual. “Acredita-se que a presença dos anticorpos de memória possa
promover proteção evitando a reinfecção ou recidiva, apesar de ainda não haver
comprovação científica dessa hipótese. Nessa situação o exame mais indicado é a
pesquisa de anticorpos IgG ou de anticorpos totais”, completa o especialista.
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