EDUCAÇÃO
Governo Federal flexibiliza
o calendário letivo, mas não prorroga suspensão de aulas presenciais, competência
dos Estados.
Aulas
virtuais da rede estadual de ensino se expandem com parceria entre Seed e TV
Alap
Reinaldo
Coelho
Desde
março, o ano letivo escolar do Amapá e do Brasil, tiveram suas aulas presenciais
suspensas devido as perigos de aglomerações que aumenta a contaminação pelo
Covid-19 e os recursos usados para dar prosseguimento ao ensino aprendizagem
são as aulas virtuais.
A
Medida Provisória já
foi aprovada na Câmara dos Deputados em 7 de julho, prorrogada por mais 60
dias, pelo senador Davi Alcolumbre, presidente do Senado e do Congresso
Nacional. E foi votada e aprovada no Senado nesta quinta-feira (23) através de sessão
virtual.
Uma das principais
alterações feitas pelos deputados federais, e mantida pelos senadores no texto, foi a ampliação da flexibilização
das regras na educação infantil, que fica desobrigada de cumprir carga horária
e dias letivos. Devido às modificações feitas na Câmara, a MP foi transformada
no Projeto de Lei de Conversão (PLV) 22/2020. O relator da matéria no Senado foi
o senador Carlos Fávaro (PSD-MT).
De acordo com a nova
lei as escolas da educação básica continuam dispensadas
de cumprir 200 dias letivos por causa da pandemia do novo coronavírus. Mas têm
que ofertar 800 horas anuais para turmas de ensino fundamental e ensino médio.
O
Estado do Amapá adotou as aulas remotas na rede estadual. Elas valem como
carga-horária para o ano letivo e, ao final dessa modalidade de ensino, os
alunos passarão por "uma avaliação diagnóstica".
Uma
dúvida que muitos pais têm tido diz respeito ao aproveitamento, do ponto de
vista legal, das aulas
remotas ministradas pelas escolas privadas desde o início de
maio. Caberá ao Conselho Estadual de Educação definir como isso vai ocorrer. A
entidade já autorizou que essas atividades poderão ser computadas, mas não
detalhou o formato.
Outro
gargalo nessa nova realidade na ministração de aulas é que cerca de 20% dos
estudantes da rede pública estadual do Amapá sem acesso às aulas remotas,
maioria disponibilizada on-line pelo governo, durante a pandemia do novo
coronavírus, levou a Secretaria de Estado da Educação (Seed) e a Assembleia
Legislativa do Amapá (Alap) assinarem parceria para transmissão de aulas pela
TV Legislativa.
A
parceria foi firmada através do Termo de Cooperação Técnica para que a TV
Assembleia, canal 57.2, passe a transmitir programas educativos destinados aos
alunos da rede pública estadual de ensino. A solenidade para a oficialização da
parceria, conduzida pelo presidente do parlamento, deputado Kaká Barbosa (PL),
foi realizada no prédio administrativo (anexo), no Buritizal, em Macapá e
contou com a presença da titular da Seed, Maria Goreth da Silva e Sousa,
deputado Paulo Lemos (Psol) e Jory Oeiras (DC) e as deputadas Edna Auzier (PSD)
e Telma Gurgel (Podemos).
A
adesão da TV Assembleia vai levar as aulas do programa “Vamos aprender”,
desenvolvido em parceria com o Consed, Fundação Lemann, fundação Roberto
Marinho e Centro de Inovação para a Educação Brasileira, para mais de 118 mil
alunos dos 394 estabelecimentos de ensino nos 16 municípios amapaense.
ESCOLA VIRTUAL NO AMAPÁ
Atualmente,
em decorrência da pandemia causada pelo coronavírus, o ensino da rede estadual
é oferecido a distância, por meio do aplicativo Escola Virtual (E-Virtual),
ambiente que integra o Sistema Integrado de Gestão da Educação (SIGduc), que
pode ser acessado pelo professor, estudante e coordenação pedagógica.
“As
transmissões das programações educativas através dos canais de televisão
mostram-se como uma alternativa extremamente efetiva considerando o alcance a
um número maior de estudantes, principalmente aos que não dispõe de acesso à
internet. A parceria da Seed e a Assembleia Legislativa para a transmissão de
aulas contribuirá para minimizar os prejuízos ocasionados pela suspensão das
aulas em virtude da pandemia e possibilitará o fortalecimento de ambientes de
aprendizagem em casa”, frisou a secretaria Maria Gorteh,
agradecendo o empenho dos deputados e principalmente a sensibilidade do
presidente Kaká Barbosa, quanto o momento que vivemos.
Chegar
com uma programação educativa em um período tão adverso é uma medida
extremamente importante e contribui para que crianças, adolescentes e jovens
possam desenvolver habilidades essenciais mesmo com a suspensão das aulas. O
cenário de incerteza quanto a possíveis datas de retorno ratifica a importância
dessa ação no fortalecimento da aprendizagem através da transmissão de
programação educativa.
![]() |
Goreth Souza, secretária estadual de Educação do Amapá |
De
acordo com secretaria Maria Goreth, no retorno das aulas presenciais, os alunos
provavelmente serão avaliados e passarão por algum tipo de reforço, para
compensar os prejuízos causados pela modalidade de ensino imposta pelo atual
estado de calamidade pública.
"Estudantes
de todos os municípios estão engajados com atividades pedagógicas não
presenciais. [...] No acompanhamento das atividades não presenciais
aproximadamente 80% dos estudantes da rede estadual participam e realizam as
atividades", informou a secretaria.

O
governo explicou que as aulas on-line são disponibilizadas por meio da Escola
Virtual do Sigeduc, Plataformas Educacionais disponíveis no Portal Aprendizagem
em Casa, redes sociais, WhatsApp, aulas gravadas, entre outras ferramentas
tecnológicas; e na ausência da internet, apostilas estão sendo disponibilizadas
e utilização do livro didático.
Ainda
não há uma previsão para retorno das aulas presenciais na rede estadual - em Macapá, há uma previsão para agosto.
Uma comissão ainda elabora o plano de diretrizes pedagógicas e protocolos de
biossegurança para esse retorno.
"Dentro
da proposta o retorno será escalonado para garantir o distanciamento mínimo
entre os estudantes e profissionais de educação. A previsão é iniciar pelo
Ensino Médio. O percentual de cada instituição de ensino será definido pela
capacidade de atendimento, com garantia do cumprimento dos protocolos de
biossegurança", explicou a Seed.
As
informações foram prestadas pela secretaria no fim de junho.
Macapá retorna em agosto as aulas
presenciais
Com
adaptação para atender normas de higiene e distanciamento adequado, a
prefeitura de Macapá prevê para agosto, ainda sem dia definido, o retorno
presencial das aulas para os cerca de 35 mil alunos da rede municipal,
divididos em educação infantil, ensino fundamental e Educação de Jovens e
Adultos (EJA).
Entre
as propostas para retomada está a oferta de máscara para alunos, instalação de
pias para lavagem das mãos e um guia de boas práticas que será distribuído aos
pais. As informações foram divulgadas pela Secretaria Municipal de Educação
(Semed).
As
aulas presenciais estão suspensas desde 18 de março e, segundo a prefeitura, a
intenção é retornar primeiramente com turmas do ensino fundamental, EJA e 2°
período da educação infantil.
Todas
as medidas integram um plano que está em construção pela gestão em colaboração
com o conselho de educação e pais de alunos.
A
aplicação de medidas adotadas em outros estados, como redução do número de
alunos por turma, aferição diária de temperatura e alternância de aulas
presenciais não foi informada pela pasta.
Desde
a suspensão das aulas presenciais, a prefeitura informou que mantém atividades
remotas com os estudantes através de uma plataforma na web com 34,3 mil alunos
cadastrados, com média de 2,4 mil acessos diários.
Entre
as atividades, são ofertadas videoaulas, jogos, apostilas, interação entre
professores e alunos, todas adaptadas à série do estudante. Quem não tem acesso
à internet recebe material impresso.
Apesar
da oferta de conteúdo, as atividades durante a pandemia não são avaliadas para
o currículo escolar, sendo usadas apenas para acompanhamento de aprendizagem.
Mesmo
assim, o material trabalhado será utilizado como carga horária referente aos
meses de maio e junho, complementou a Semed.
Apagão na educação do Brasil

Um
levantamento feito junto às secretarias estaduais de educação e divulgado no início
desse mês , aponta que 15 dos 25 estados que implantaram atividades à distância
monitoram a adesão dos estudantes ao ensino remoto.
Os
índices mostram também que as aulas on-line não são acompanhadas por todos os
alunos; há estudantes no Amapá nessa situação. Isso significa que, apesar dos
esforços das redes, parte dos estudantes pode não ter acesso à educação na
pandemia.
A
reportagem conversou com a professora Keila Cristina P. Coelho, Licenciada Plena em Língua Portuguesa e pedagoga da rede pública
de ensino sobre essa nova realidade de ministrar aulas através do virtual.
"Eu,
enquanto professora da rede pública estadual, sou sabedora das inúmeras
dificuldades sociais enfrentadas pelos educandos. O
quanto é difícil o acesso desses alunos aos recursos tecnológicos, indo desde
adquirir um simples aparelho celular até manter-se integrado diariamente as
redes sociais, bem como buscando recursos que enriqueçam e aprimorem sua
aprendizagem. Sendo
uma realidade da maioria, tenho plena certeza que a qualidade do ensino na rede
pública no ano de 2020 terá uma aprendizagem muito baixa, pois além de não abraçar
a todos, limita o ensino a uma minoria, deixando boa parte daqueles que não
podem ser assistidos, frustrados e a margem de uma educação que infelizmente
nesse ponto de acesso a recursos tecnológicos deixa de ser para todos”.
As
razões são várias – e incluem falta de estrutura em casa, de computadores ou de
conexão. A alternativa para os alunos é recorrer às atividades impressas ou à
transmissão por outras mídias, como TV aberta ou via rádio. Nesses casos,
também é difícil mensurar quantos estudantes estão efetivamente assistindo ao
conteúdo.
Os
dados não apenas revelam um "apagão" do ensino público na pandemia –
eles acendem o alerta quando se observa que a maioria dos estados vai adotar as
aulas remotas como equivalentes às aulas presenciais.
Isso
quer dizer que as "horas de tela" vão contar como tempo em sala de
aula no ano letivo. A medida foi autorizada pelo Ministério da Educação (MEC)
desde o início de junho.
Por que é importante monitorar o
ensino remoto?
Adicionar legenda |
"Monitorar
o acesso às plataformas é muito importante. Quanto mais rápido você souber quem
acessa as aulas e o que estão aprendendo, melhor será a adaptação do
ensino", afirma Ricardo Henriques, ex-secretário de Educação Continuada e
Alfabetização do Ministério da Educação (MEC) e superintendente executivo do
Instituto Unibanco.
Quase
40% dos alunos de escolas públicas não têm computador ou tablet em casa, aponta
estudo
Ainda
assim, o monitoramento atual não descarta a necessidade de uma avaliação mais
consistente quando for seguro voltar às aulas, afirma Henriques. Para ele, os
dados mostram que a falta de acesso ao ensino remoto torna ainda mais visíveis
as desigualdades na educação.
"Uma
coisa é acessar a plataforma; outra é ter condições materiais de estudo – ter
uma mesa, um espaço silencioso, bem iluminado, por exemplo", explica.
"Como
as diferenças entre alunos e escolas são estruturais, quanto mais longa for a
exposição ao ensino remoto, maior será o aumento da desigualdade já existente,
entre redes de ensino e dentro de uma mesma turma. É diferente ter acesso total
em banda larga, em computador, ou um pedacinho do plano de dados do celular da
mãe", afirma Ricardo Henriques.
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