“BR do Mar”: afinal de contas, o que é isso?
*Por Larry Carvalho
Após uma longa
espera, os debates concluíram e o Governo Federal entregou nesta terça-feira,
11, o texto consolidado do Projeto de Lei do plano "BR do MAR" que
pretende incentivar e fomentar a cabotagem no Brasil.
O Projeto é
bastante arrojado e realiza uma completa reforma na regulação do Transporte
Marítimo de cabotagem.
O nome faz
alusão a uma alternativa logística à rodovia. É uma importante medida do
Ministério da Infraestrutura, comparável em importância aos grandes programas
de construção de rodovias no Brasil que iniciaram na década de 60.
A cabotagem é o
transporte marítimo realizado entre portos de um mesmo país. Destacando-se por
ser um transporte seguro, eficiente, de baixo custo e impacto ambiental.
A navegação de
cabotagem é uma das modalidades de transportes mais lógicas para o Brasil, em
decorrência das dimensões continentais que dispomos. São mais de 8,5 mil km de
costo. Além disso 80% da população brasileira vive a 200 km do litoral e a
maior parte da nossa indústria está concentrada perto do mar, fortalecendo
nossa vocação para cabotagem.
Entretanto, a
matriz de logística brasileira ainda é bem dependente do modal rodoviário. Nada
obstante, a cabotagem vem crescendo na casa de dois dígitos nos últimos anos,
principalmente após a greve dos caminhoneiros ter demonstrado nossa fragilidade
logística e o quanto dependemos de rodovias.
O fato é: o
movimento paredista serviu como um grande turning point da
logística brasileira.
O objetivo do
Ministério de Infraestrutura com o Projeto de Lei é audacioso: pretendem saltar
de 1,2 milhões de TEUs (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés) em 2019
para 2 milhões de TEUs em 2022.
Estimam, também,
um aumento da frota de navio realizando cabotagem em 40% nos próximos três anos
e que o crescimento da cabotagem seja de aproximadamente 30% ao ano. Para que
isso aconteça, o projeto explora quatro eixos fundamentais: frota, indústria
naval, custos e portos.
FROTA: O Governo
flexibilizou a restrição ao afretamento de embarcações estrangeiras para
realização do serviço de cabotagem, criando diversas exceções, além de permitir
embarcações que forem construídas no exterior arvorem bandeira brasileira.
Indústria Naval:
O Governo pretende fomentar a manutenção e reparo de embarcações permitindo a utilização
de recursos do Fundo da Marinha Mercante para empresas estrangeiras e nacionais
que se utilizarem de estaleiros brasileiros.
Custos: A redução
de custos será através da redução de trâmites burocráticos e ajustes
regulatórios, além da criação de política nacional para o setor.
Porto: Para esse eixo
está previsto o incentivo às operações especiais de cabotagem com a previsão de
contratos temporários diretamente com a Administração do Porto Organizado, sem
a necessidade de certame caso somente exista uma empresa interessada. O
objetivo é de agilizar a entrada em operação de terminais dedicados à
cabotagem.
Por fim, o BR do
Mar incentiva a formação, capacitação e qualificação de marítimos nacionais,
reafirmando a necessidade de 2/3 da tripulação ser formada por brasileiros.
Além disso, estipula que os contratos de trabalho dos tripulantes de embarcação
estrangeira afretada sigam as normas trabalhistas do país da bandeira de
pavilhão.
*O Dr. Larry Carvalho é
Advogado e Árbitro com uma vasta experiência em litígios, com ênfase em
transporte marítimo, e um extenso registro de assessoria a clubes P&I,
armadores e afretadores.


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