sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

CENÁRIO ECONÔMICO: RETROSPECTIVA 2020 E PERSPECTIVA PARA 2021

CENÁRIO ECONÔMICO: RETROSPECTIVA 2020 E PERSPECTIVA PARA 2021 

 


 

Reinaldo Coelho 



Dezembro chegou, sinalizando que 2020 está prestes a ser finalizado. Ainda que muitos dos nossos problemas continuem em 2021 - como a vacinação em massa contra o coronavírus e o baixo ritmo da economia -, o ano está perto do fim e a torcida é que termine sem novidades catastróficas. 


Enquanto a humanidade prioriza a saúde e a vacinação em massa para a derrocada da pandemia, que destruiu a vida e a economia de todos, os especialistas do mundo econômico, estão estudando, analisando e planejando a nova realidade da economia internacional e nacional para 2021. 


A FIESP produziu e colocou à disposição de todas em rede da internet, importante material sobre o cenário econômico, tanto o nacional quanto o global, fazendo uma retrospectiva de 2020 e indicando as perspectivas para 2021. Esses estudos e análises, estão sendo realizados por entidades e atores do sistema econômico mundial e nacional. 




De acordo com o documento divulgado pela entidade patronal paulista, a projeções para a economia global em 2020 é de queda sincronizada das economias desenvolvidas e emergentes.   


  • A contração do PIB será menos intensa do que se antecipava;  

  • O recuo do PIB será mais forte na Zona do Euro.  

  •  Apesar da pandemia, a China deverá registrar crescimento em 2020, porém, num ritmo muito menor (em 2019 o crescimento foi de 6,1%). 


Com referência a economia brasileira - Atividade Econômica Doméstica. A retomada da atividade econômica está ocorrendo mais rapidamente do que o esperado inicialmente.   


A heterogeneidade da recuperação entre os segmentos da atividade econômica foi uma característica marcante, com o setor de serviços exibindo uma velocidade de recuperação mais lenta do que a verificada no setor industrial e no comércio varejista.  

Com base nos dados conhecidos, os economistas da FIESP esperavam forte alta do PIB no 3º trimestre (2), o que aconteceu e a atividade econômica seguiu em recuperação no início do 4º trimestre. (3) 

As medidas econômicas adotadas contribuíram para a rápida reação da economia 

Algumas medidas econômicas adotadas: 

❖ Programas de crédito (cerca de R$ 142 bilhões desembolsados):  

➢ Giro Emergencial/BNDES.  

➢ Crédito para Folha de Pagamento. 

➢ Pronampe, uma linha de financiamento exclusiva de apoio às micro e pequenas empresas. 

➢ Programa Emergencial de Acesso ao Crédito (PEAC - FGI).  

➢ PEAC – Maquininhas.  

❖ Auxílio Emergencial: R$ 267,9 bilhões  

❖ Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda.  

➢ De acordo com o Ministério da Economia acordos celebrados no âmbito do programa contemplaram mais de 9,8 milhões de trabalhadores. 

A análise da FIESP faz um destaque ao Auxilio Emergencial Auxílio Emergencial que evitou uma queda acentuada a massa salarial. (4) 

O Auxílio Emergencial beneficiou 67 milhões de pessoas e deverá injetar R$ 267,9 bilhões na economia em 2020.  

• A massa salarial caiu 13,1% em Ago/20 frente a Fev/20. Somando o Auxílio Emergencial, a massa salarial mostra alta de 0,7% no período.  

• A FIESP estima que o Auxílio Emergencial teve um impacto de 1,1 p.p. na variação do PIB em 2020. 

Perspectiva para 2021 

 










Economia Internacional 

Projeções para a economia global em 2021 (em %) 

 

Com referência a retomada da economia global em 2021, o documento divulgado pela FIESP  protogoniza  

• Destaque para a recuperação das economias emergentes.  

• Segundo o FMI, os desafios para os próximos anos seguem elevados por conta do elevado endividamento público dos países e a evolução da pandemia. 

Os estudiosos da economia brasileira fazem uma análise da economia brasileira em 2021 e apresentaram o seguinte resultado: acompanhem nas imagens. 

Projeção para o Resultado do PIB em 2020 e 2021 (5.1) 

 

 

A questão fiscal terá peso relevante na retomada da economia brasileira em 2021  (6) 

 

O Teto de gastos tem risco elevado de ser rompido em 2021  

Regra do Teto determina que o gasto do Governo Federal em determinado ano não deve ser superior ao gasto do ano anterior corrigido pela inflação (IPCA).  

➢ Para 2021 o limite para os gastos da União sujeitos ao Teto é de R$ 1,485,9 trilhões; 

 ➢ A Instituição Fiscal Independente, do Senado Federal, estima que os gastos sujeitos ao Teto em 2021 serão da ordem de R$ 1,448 trilhões, valor muito próximo ao teto estabelecido, apresentando risco de rompimento do teto;  

➢ Ainda, o fim do auxílio emergencial pressiona o governo a aumentar os repasses para os programas sociais, para mitigar o efeito da crise, criando uma maior pressão fiscal. 

Cortes de despesa possíveis são politicamente custosos e necessitam de aprovação do congresso: Cortes necessariamente teriam que comtemplar uma ou mais das seguintes despesas:  

• Redução de salário do funcionalismo público; • Ajustes adicionais no sistema previdenciário;  

• Fim do abono salarial 

Expansão do Bolsa Família  

O orçamento previsto para o Bolsa Família em 2021 é da ordem de R$ 34,8 bilhões, beneficiando 15,2 milhões de famílias.  

➢ Estima-se que para expandir o programa para contemplar mais 3 milhões de famílias e expandir o benefício para R$ 300 por família seriam necessários R$ 64 bilhões adicionais. Não há esse espaço no orçamento.  

➢ Uma proposta alternativa, de expandir o benefício para próximo de R$ 250 e incluir 3 milhões de famílias teria um custo menor, de R$ 18 bilhões de forma que seria possível acomodar este valor dentro do orçamento  

➢ Somente o fim do abono salarial liberaria um valor em torno de R$ 18 bilhões anualmente.  

➢ Também há espaço fiscal dentro do orçamento decorrente de rubricas consistentemente superestimadas. Com base na tendência verificada em anos recentes, estima-se que somente entre as rubricas de gastos com pessoal, previdência e subsídios há R$ 13 bilhões de excedente para o ano de 2021. 

Refletindo a incerteza no cenário fiscal, os indicadores de financiamento da dívida pública mostram piora e o mercado financeiro exibiu deterioração no preço dos ativos e maior volatilidade. 

Reformas fiscais são fundamentais para a sustentabilidade do Teto dos Gastos e do equilíbrio das contas públicas a partir de 2021. 

 ➢ Até 2021 é factível o cumprimento da regra do Teto dentro da configuração fiscal atual. A partir de 2022, no entanto, não será possível cumprir a regra sem a realização de reformas fiscais;  

➢ Aprovação de medidas como a Reforma Administrativa e a PEC Emergencial são condições essenciais para a manutenção do Teto; sem a aprovação dessas medidas a Regra do Teto poderá não ser respeitada a partir de 2022. 

❖ Aprovar Reforma Administrativa, que contemple inclusive os que estão na ativa:  

➢ Disciplinar os gastos da União com a folha salarial e aumentar a eficiência do serviço público.  

➢ A reforma administrativa que está tramitando no Congresso poderá resultar em economia entre R$ 673 bilhões e R$ 816 bilhões ao longo de 10 anos, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).  

❖ Aprovar a PEC Emergencial, com ajustes:  

➢ Cria o estado de emergência fiscal, no qual são acionados gatilhos para redução de despesa. Vale para União, Estados e Municípios.  

✓ União: gatilhos acionados quando descumprir Regra de Ouro. Em essência, a ideia é evitar que o governo se endivide para pagar despesas correntes, como salários e benefícios previdenciários.  

✓ Estados e Municípios: gatilhos acionados quando despesa corrente ultrapassar 95% da receita corrente.  

➢ Permite redução de até 25% da jornada e salários dos servidores. 

 

Balanço de riscos em 2021  

Surgimento de uma vacina  

Lenta recuperação da economia mundial  

Taxa de juros Selic num patamar historicamente baixo 

 Segunda onda mais acentuada 

Taxa de câmbio se consolidando num patamar mais desvalorizado  

Mercado de trabalho deteriorado, com elevado nível de desemprego  

Reativação da construção civil (mercado imobiliário) devido aos juros baixos  

Remoção das medidas de crédito e de transferência de renda Inflação corrente e esperada controlada  

Teto dos Gastos não é respeitado 

Quebra de Página 

Dinamismo do agronegócio Dívida pública elevada e com trajetória incerta 

 

Outras análises econômicas 

O documento “Investment Outlook 2021” do banco Credit Suisse, contém estimativas mais otimistas para o Brasil para 2021 que a equipe do Ministério da Economia, comandada pelo ministro Paulo Guedes espera. Para 2021 a equipe econômica brasileira espera um crescimento de 3,5% a 4%, enquanto o banco suíço estima que o Produto Interno Bruto (PIB) subirá 4,1%, com a ressalva de que é preciso aprovar as reformas tributária e administrativa. O banco suíço de investimento prevê tombo de 4,8% no PIB deste ano. 

Economia parada  

Mal 2020 havia começado e as notícias do vírus começaram a circular. No Brasil, chegou oficialmente depois do Carnaval, e foi em março que foi decretada a quarentena. Com o comércio e serviços parados, o crescimento do país deixou a desejar em 2020. Na verdade, economistas esperam uma retração do Produto Interno Bruto (PIB) em cerca de 4,5% nesse ano. 

Na segunda quinzena de novembro de acordo com a pesquisa Focus divulgada pelo Banco Central. A projeção agora é de que o Produto Interno Bruto (PIB) encolha 4,66% em 2020, de uma expectativa anterior de retração de 4,80%, na segunda semana seguida de melhora. Para 2021, o cenário continua de crescimento de 3,31%. 

Esse resultado vem na esteira de uma previsão de contração de 5,34% para a produção da indústria neste ano, de uma queda de 5,49% esperada antes. Para 2021, a expectativa de aumento da produção passou a 3,72%, de 4,0% antes. 

O centro da meta oficial de 2020 é de 4% e, de 2021, de 3,75%, ambos com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos. 

A pesquisa semanal com uma centena de economistas não apresentou mudanças no cenário para a política monetária, com a Selic calculada em 2,0% este ano e em 2,75% em 2021. O Top-5, grupo dos que mais acertam as previsões, continua vendo a taxa básica de juros respectivamente em 2,0% e 2,25%. 

 

 

 

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