E agora José?
Por Roberto Gato
Essa foi à abordagem do poeta Carlos Drummond de Andrade ao escrever o poema “E agora José” que retrata a mudança de realidade do personagem que sai do seu contexto interiorano, bucólico e tem de enfrentar a realidade da cidade grande. É outro universo.
Drummond escreve e Paulo Diniz canta assim: E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou e agora, José? E agora, você? Você que é sem nome...
O José do meu texto é o jovem recém-formado que de diploma nas mãos, se depara com a triste realidade do mercado de trabalho amapaense. Ele retira o José Drummondiano e coloca o Amapá. E agora Amapá? O curso acabou, a luz da faculdade apagou, os colegas sumiram, a noite esfriou e eu com meu dilema: E agora Amapá?
Não temos resposta. Temos uma angustia gigante e, um temor latente de que o esforço feito por todos encerra com a satisfação de baterem no peito e dizerem: eu tenho nível superior. E... Não tem trabalho. Pior, não tem perspectiva. O horizonte é sombrio.
No caso dos bacharéis em direito a frustação é dupla. A satisfação da conclusão do curso, aliada com a aprovação no “discutido” Exame de Ordem, ou seja, um vestibular onde você “prova” ao Conselho dos Advogados que estás apito para exercer a profissão que te preparaste durante cinco anos para exercer. Olha a “burocracia” do Estatuto da Ordem. Tu aprovado no exame, para entrar com requerimento para tirar a carteira com o bem dito registro tem que aguardar da faculdade a expedição, pasmem os senhores, de que tu colaste grau. Porraaaaaaaaaaaaaa
Eu fico fazendo figa para que a economia amapaense quebre esse paradigma da economia estatal. Não há empresas chegando ao Amapá para fazer com que a economia inflexione e o capital privado possa ser sentido no mercado local. Se não for emprego público o que lhe espera é um subemprego com salário desanimador.
Fico com minha esperança frustrada quando vejo o mundo contra a exploração das riquezas naturais da região. Seja no setor primário {agricultura, pesca, pecuária e extrativismo) quando do setor secundário {indústria}.
Ainda hoje ouvi e vi, num programa da retrospectiva do Danillo Gentili o ator Victor Fasano dizer que a coisa mais importante na Amazônia é o meio ambiente. Concordo! O meio ambiente precisa ser tratado com respeito, de forma sustentável, sem o desleixo criminoso para com o bioma. No entanto, nada é mais importante do que os cidadãos e cidadãs que moram na região. Mas, a afirmativa inadvertida do ator que avoca para si o título de ambientalista, demonstra o quanto importamos. O pior que o Brasil está cheio de Victor, muitos deles regiamente pagos pelo capital internacional que saem dos cofres dentre outros do bilionário Húngaro-Americano, George Soros.
E hoje temos uma guerra de narrativas. Os que engessam com leis proibitivas e desanimadoras investimentos na região. Volto ao verso do Poeta de Itabira: E agora José? Com a chave na mão quer abrir a porta, não existe porta; quer morrer no mar, mas o mar secou; quer ir para Minas, Minas não há mais. José, e agora?
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