quinta-feira, 18 de março de 2021

Vacina de Oxford protege contra variante brasileira da Covid-19

Vacina de Oxford protege contra variante brasileira da Covid-19

 


Ricardo Valverde (Agência Fiocruz de Notícias)

 Londres – As vacinas existentes contra a Covid-19 podem proteger contra a variante brasileira do coronavírus, de acordo com um estudo da Universidade de Oxford que examinou o impacto dos anticorpos induzidos naturalmente e pelas vacinas em diferentes variantes do vírus.

Variantes do coronavírus com mutações específicas na proteína de espigão são preocupantes porque cientistas temem que elas reduzam a eficácia das vacinas e a imunidade obtida de uma infecção anterior. 

Coordenadora dos centros de pesquisa da vacina de Oxford no Brasil e diretora do Instituto para a Saúde Global da Universidade de Siena (Itália), a médica carioca Sue Ann Costa Clemens afirmou, nesta quarta-feira (17/3), que o imunizante desenvolvido pela Universidade de Oxford em parceria com a farmacêutica AstraZeneca, e que no Brasil está sendo produzido pela Fiocruz, demonstrou eficácia em neutralizar a variante P.1 do novo coronavírus. A variante brasileira, que foi identificada em janeiro, em Manaus, reage de forma idêntica à variante britânica ao imunizante de Oxford. A declaração se baseia em pesquisa que ainda não foi revisada por outros cientistas e nem publicada em revista, mas está disponível online. O estudo contou com a colaboração de pesquisadores da Fiocruz Amazônia e do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).

Segundo Sue Ann, os pesquisadores esperavam que a variante brasileira se comportasse como a sul-africana, mas “testes indicaram que ela tem comportamento semelhante à britânica, em que há, sim, impacto na neutralização [do novo coronavírus]”. No mês passado, a Universidade de Oxford já havia anunciado que a vacina é eficaz contra a variante do Reino Unido. A médica observa que a eficácia fica acima dos 70% nos casos leves e chega a 100% quando se trata de casos graves e hospitalização.

Apesar de se verificar uma pequena perda de neutralização na comparação com as cepas mais comuns, ainda assim o efeito das vacinas não ficou comprometido em relação à P.1, situação similar à observada para a cepa britânica (conhecida como B.1.1.17). O trabalho avaliou a capacidade da cepa originada no Amazonas de escapar de anticorpos – não somente os induzidos por vacinas, mas também do soro de convalescente (anticorpos gerados por quem teve a infecção há mais tempo), e os chamados anticorpos monoclonais, que são um tipo de remédio biológico. Os pesquisadores coletaram amostras de soro de 25 pessoas que receberam a vacina de Oxford e 25 que receberam o imunizante da Pfizer.

Segundo Sue Ann, “as cepas brasileira e britânica se comportam de maneira muito semelhante. No caso da variante britânica, a eficácia caiu pouco, de 80% para 75%. Temos que esperar os estudos de efetividade aqui, mas acreditamos que vá ser um índice parecido para a P.1. É um resultado muito positivo”, comemorou ela.

 

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