Vacina de Oxford protege contra variante brasileira da Covid-19
Ricardo
Valverde (Agência Fiocruz de Notícias)
Variantes do coronavírus com mutações específicas na proteína de espigão são preocupantes porque cientistas temem que elas reduzam a eficácia das vacinas e a imunidade obtida de uma infecção anterior.
Coordenadora
dos centros de pesquisa da vacina de Oxford no Brasil e diretora do Instituto
para a Saúde Global da Universidade de Siena (Itália), a médica carioca Sue Ann
Costa Clemens afirmou, nesta quarta-feira (17/3), que o imunizante
desenvolvido pela Universidade de Oxford em parceria com a farmacêutica
AstraZeneca, e que no Brasil está sendo produzido pela Fiocruz, demonstrou
eficácia em neutralizar a variante P.1 do novo coronavírus. A variante
brasileira, que foi identificada em janeiro, em Manaus, reage de forma idêntica
à variante britânica ao imunizante de Oxford. A declaração se baseia em
pesquisa que ainda não foi revisada por outros cientistas e nem publicada em
revista, mas está
disponível online. O estudo contou com a colaboração de
pesquisadores da Fiocruz Amazônia e do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).
Segundo Sue Ann, os pesquisadores esperavam que a
variante brasileira se comportasse como a sul-africana, mas “testes indicaram
que ela tem comportamento semelhante à britânica, em que há, sim, impacto na
neutralização [do novo coronavírus]”. No mês passado, a Universidade de Oxford
já havia anunciado que a vacina é eficaz contra a variante do Reino Unido. A
médica observa que a eficácia fica acima dos 70% nos casos leves e chega a 100%
quando se trata de casos graves e hospitalização.
Apesar de se verificar uma pequena perda de
neutralização na comparação com as cepas mais comuns, ainda assim o efeito das
vacinas não ficou comprometido em relação à P.1, situação similar à observada
para a cepa britânica (conhecida como B.1.1.17). O trabalho avaliou a capacidade
da cepa originada no Amazonas de escapar de anticorpos – não somente os
induzidos por vacinas, mas também do soro de convalescente (anticorpos gerados
por quem teve a infecção há mais tempo), e os chamados anticorpos monoclonais,
que são um tipo de remédio biológico. Os pesquisadores coletaram amostras de
soro de 25 pessoas que receberam a vacina de Oxford e 25 que receberam o
imunizante da Pfizer.
Segundo Sue Ann, “as cepas brasileira e britânica
se comportam de maneira muito semelhante. No caso da variante britânica, a
eficácia caiu pouco, de 80% para 75%. Temos que esperar os estudos de
efetividade aqui, mas acreditamos que vá ser um índice parecido para a P.1. É
um resultado muito positivo”, comemorou ela.
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