segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

PIONEIRISMO




"Hoje o sistema de segurança pública segue a mesma linha da minha época, de proteger a vida e a propriedade dos habitantes do Amapá. Prevenir qualquer atividade contrária à ordem pública e às leis do país, policiar os costumes, cooperar na execução de obras públicas, manter vigilância e defender os bens do Amapá e suas autoridades”.

Inspetor Antônio da Silva Guedes – ex-Guarda Territorial aposentado – 95 anos de idade.

Reinaldo Coelho

Esta semana estaremos escrevendo sobre a vida de mais um pioneiro da antiga Guarda Territorial do Amapá, essa laboriosa corporação composta de centenas de homens originários de todos os rincões do Brasil, principalmente do norte do Pará. Lembramos com muita gratidão o exemplo desses pioneiros. Foram desbravadores que com muita luta nos deixaram legado da gênese da nossa Polícia Militar. Neste Domingo (17)) completou 75 anos de criação, no Governo do Coronel Janary Nunes e como uma homenagem de reconhecimento a Policia Militar do Estado do Amapá, incorporou a data em seu calendário e oficialmente mudou a data de 26 de novembro para 17 de Fevereiro os festejos de sua fundação.
O pioneiro da segurança pública, homenageado desta semana, será Antônio da Silva Guedes, natural de Florestas, localidade do município de Afuá, que nasceu no dia 09 de março de 1924, filho do casal de seringueiros João Cardoso Guedes e Maria Orlanda Guedes, que gerou 12 irmãos, sendo ele o caçula. “Minha infância e juventude foi toda voltada para a vida extrativista, ajudava minha família no roçado e na extração de látex, que era a produção que mais gerava renda na época”.



Antônio Guedes conta que aos 20 anos de idade foi convocado para servir ao Exército Brasileiro. “Fui alistado no município de Afuá e quando completei 20 anos fui convocado para servir em Belém, era época da segunda guerra mundial e todos estavam sendo chamados para compor as Forças Armadas Brasileira”.
Ele conta que infelizmente os estudos em Florestas só era para alfabetizar e que não estudou. “Aprendi a ler e a escrever, que na época vinha atender as minhas necessidades de trabalho, que hoje não atende e é preciso ter curso superior, que Graças a Deus pude favorecer aos meus 17 filhos, que são todos formados, de pedagogos a médicos”.
Ao término do serviço militar, Antônio Guedes retornou a sua terra natal para rever seus familiares, foi quando soube da criação do Território Federal do Amapá e que era grande a necessidade de mão de obras de todos as profissões. 




Guedes conta que ao chegar a Macapá, em 1946, se apresentou no gabinete do então governador Janary Nunes. “Fiquei surpreso por ser recebido pelo próprio governador que fazia as entrevistas diretamente com os candidatos a emprego. Ao me apresentar ele me perguntou o que tinha de profissão e ao saber que tinha servido o exército e ter uma altura além da média e um corpanzil, decidiu‘Com toda essa estrutura estais pronto para atuar na Guarda Territorial, precisamos de homens assim para a segurança pública do Amapá”.
Ali estava decidida a vida de Antônio Guedes, que passaria a atuar no serviço público voltado para segurança através da Polícia. Ingressou na guarda territorial no ano de 1948. Ingressou como guarda e 3 anos depois fez o concurso para inspetor da guarda territorial.
O serviço de policiamento do Amapá passou a ser realizado pela Guarda Territorial, apoiando as delegacias com armamento e pessoal de apoio. Os delegados eram Oficiais, enquanto que os comissários eram inspetores da Guarda. Em 1945 todas as sedes dos municípios foram dotadas de um delegado, um escrivão e guardas.
As guarnições da Guarda Territorial ficam sediadas na Fortaleza de São José de Macapá, e o primeiro comandante de Antônio Guedes foi o Tenente Rui Gama. “O tenente Rui Gama vinha do CPOR de Belém e estava aqui exercendo o Comando da Guarda Territorial com a patente de Tenente. Saíamos do trabalho pela manhã, íamos em casa, tomávamos café e retornávamos para novamente proteger a população, abrir picadas, ser estivador, abrir ruas, entre outros”.
Os guardas territoriais souberam demonstrar ao longo dos anos o valor do pioneirismo diante das dificuldades apresentadas ao advento da criação do Amapá, através da união, destemor, ordem e galhardia, marcando sobremaneira as tradições da organização policial que eles serviram e muitos dignificaram.
Com a Lei de criação da Polícia Militar do Território Federal do Amapá, i n° 6.270, de 26 de novembro de 1975, a Guarda Territorial foi sendo extinta gradativamente. Seus componentes tiveram como opção o aproveitamento na Polícia Militar mediante seleção ou lotados em outros órgãos da administração territorial.

No início das mudanças, Antônio Guedes se manteve na guarnição que foi para a nova Polícia Militar e ali ajudou a construir o Quartel Plácido de Castro. “Fomos transferidos para a nova guarnição, a Polícia Militar, e ali passamos a integrar a nova ordem”.
Nessa época funcionava ao lada do quartel da PM a Colônia Penal do Beirol. O comandante da instituição conhecia o trabalho do Inspetor Guedes e o convocou para trabalhar no presídio. O Diretor era Demorgenos Costa e assumi como Chefe da Secretaria de Colônia Penal (Beirol), onde permaneceu até se aposentar, ele não sabe precisar as datas. “Fiquei no cargo uns quatros a cinco anos, como já estava na Polícia Civil, o então Diretor de Segurança e Guarda me convidou para ser tesoureiro da Divisão de Segurança e Guarda cargo que ocupou por um bom período”.
Entre outros cargos também exerceu a função de Chefe de Gabinete da Segurança e Guarda; Subcomandante do Gruci (Grupo de Combate a Incêndio) que posteriormente se transformou no Corpo de Bombeiro Militar.
Nesse período profissional, Antônio Guedes conheceu a jovem Andradina Dias Cardoso Guedes, hoje com 87 anos de idade, vinda do interior do Pará para completar seus estudos, ela mesma conta: “Vim das ilhas do Pará para Macapá para estudar e aqui conheci o Antônio Guedes, através de amigos em comum. Um dia pedi para uma prima dele, que estudávamos juntas e pedimos para nos apresentar e após isso namoramos e casamos”.
Como bom católico teve com sua amada esposa que casaram em 04 de dezembro de 1956, e já completaram 64 anos de casados. Tiveram 17 filhos, todos formados por Universidades, a maioria foi para Belém, época que não existiam Universidades no nosso Estado. “Temos 50 netos e 12 bisnetos. Graças a Deus estão todos bem encaminhados e agradeço muito por ter conhecido o Guedes, ele foi um excelente profissional e grande marido, e é até hoje, pois mesmo com severidade organizou sua família e colocou todos na trilha do bem, e rezo para que meus netos e bisnetos sempre sigam esses ensinamentos, honradez e principalmente ser do bem e muito felizes”.

Sua filha Ângela Augusta Cardoso Guedes, 54 anos, dois filhos e um neto, conta que honra emocionada o perfil do seu pai, declara que ele sempre foi uma pessoa honrada, e que ensinou a todos os filhos a linha da honestidade. “Foi excelente profissional, nunca passou por cima de ninguém para se beneficiar. Nos deu ensinamentos valiosos para toda a nossa vida”.


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